Aromaterapia

Reza a lenda que os franceses não tomam banho. Talvez seja para desfrutar ao máximo seus famosos perfumes. Teorias à parte, é fato que ninguém resiste a um bom cheiro. Seja aquele que lembra a comidinha da mamãe, o perfume do primeiro namorado ou que, simplesmente, consegue transmitir uma sensação de paz. Além de trazer boas lembranças e harmonia ao ambiente, os óleos essenciais contribuem, e muito, para a saúde e o bem-estar. E é exatamente por isso que sua ciência, a aromaterapia, ganha a cada dia mais adeptos no país.

A história da aromaterapia está intimamente ligada às primeiras civilizações da Mesopotâmia e do Oriente. Em especial no antigo Egito, rainhas e faraós desfrutaram de seus benefícios mesmo sem conhecer o potencial medicinal das plantas. Mas as essências dos óleos apareceram em casas reais européias no século XVI e, a partir de 1950, se popularizaram sobretudo por intermédio de terapeutas franceses. Já no Brasil, o ‘boom’ só aconteceu há um ano. Isso graças aos esforços de especialistas da terapia, que fizeram um movimento informativo sobre os benefícios da utilização dos óleos.

A ciência age tanto sobre a mente, relaxando o campo emocional, quanto no corpo, com poder cicatrizante. Cada óleo essencial – substância retirada das plantas – atinge um determinado objetivo, variando entre estimulantes e tranquilizadores. E eles podem estar contidos em medicamentos, perfumes, shampoos e, até mesmo, em máscaras para a pele. Segundo a aromaterapeuta Julia Nunes, existem diversas formas – que vão variar de acordo com a técnica escolhida pelo profissional – para se chegar ao aroma adequado para cada pessoa. Por exemplo: um fisioterapeuta se utiliza da massagem e descobre através dos sinais que o corpo manda qual o método indicado para o tratamento. Já o psicólogo tenta, por intermédio do diálogo, levantar o histórico de vida do paciente e encontrar assim os pontos de tensão. “A minha prática está relacionada à estética. Direciono meu tratamento pelo tipo de pele e pela parte emocional do paciente. Normalmente, a pessoa já busca a terapia com um objetivo em mente. Isto facilita na hora do diagnóstico. Há também a técnica de mostrar os diferentes tipos de óleos e fazer com que o paciente indique aquele que mais lhe agradou. O indicativo do problema vem pelo cheiro”, afirma Julia.

Já a aromaterapeuta Sâmia Maluf trabalha com o sintoma específico e suas conseqüentes reações. A cura deve acontecer tanto no corpo quanto na mente e no espírito. “Na clínica tenho maior contato com doenças letárgicas, com dependentes de drogas e portadores da síndrome do pânico. Os óleos essenciais contribuem muito para a melhora no quadro dos pacientes. Até agora só obtive bons resultados. Sobretudo, a pessoa passa a se amar, a gostar de si mesmo”, diz ela, que garante se emocionar ao ver alguém querendo abraçar novamente a vida.

E parece que, além de revigorar, a terapia pode modificar bastante o cotidiano daqueles que têm contato com os óleos essenciais. É o caso de Edgar de Freitas, que se relaciona com a aromaterapia há quase dois anos. “Posso afirmar que mudou minha vida conhecer o mundo especial dos óleos essenciais. Foi uma excelente experiência, pura mágica. Uma sensação de bem-estar muito grande, que me colocou em sintonia com tudo à minha volta. Não tenho dúvidas que sou mais feliz agora e acredito ter ajudado diversas pessoas com quem convivo por incentivar a sadia prática da aromaterapia”, revela. O encontro de Edgar com a ciência veio de forma casual. Trabalhando como engenheiro, ele desenvolveu um equipamento para perfumar portarias de prédios. Ao procurar as essências, encontrou vários sites relacionados à aromaterapia.

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Desconhecendo totalmente o assunto, Edgar passou a se interessar e a pesquisar a fundo, comprando inclusive alguns livros e, por fim, se matriculou em um curso especializado. “Com as aulas, tomei coragem para experimentar os óleos. E desse instante em diante melhorei em diversos aspectos. Sou hoje uma pessoa mais confiante, me sinto cada vez mais forte, ganhei alta concentração e trabalho com muito mais eficiência. A ansiedade e o estresse característicos do mundo urbano já não existem mais. A mudança foi tão grande que despertou o terapeuta dentro de mim”, conta ele, que hoje trabalha com modalidades holísticas. “Graças aos óleos essenciais, a minha vida mudou para melhor. Os distúrbios que impediam meu progresso já não existem mais. Agora é só felicidade”, completa.

A opinião de um profissional especializado no assunto é fundamental para usufruir dos benefícios – que não são poucos – da aromaterapia. Após uma consulta, a pessoa pode harmonizar todos os ambientes em que passa a maior parte do tempo, seja um quarto, carro ou local de trabalho. Hoje em dia, é muito comum a utilização de óleos nas salas de espera para amenizar a tensão da expectativa. “Com apenas uma gota de óleo você potencializa suas ações e aumenta sua própria eficácia. Meu trabalho de esteticista melhorou, o ambiente está sempre aconchegante para os pacientes. Há pouco tempo, uma cliente perdeu a mãe e saiu do consultório muito mais confortável. É fato que o aroma melhora o ânimo, ajuda as pessoas a enfrentar qualquer situação”, garante a esteticista Eunície Aguiar.

Entretanto, a terapia apresenta algumas pequenas contra-indicações. Sempre se deve checar a quantidade do vidro, pois só é aconselhável o uso de pequenas doses, e o recipiente não pode ficar aberto ou em contato com o sol, sendo mantido sempre em local fresco. Também não se deve ingerir ou aplicar o óleo puro na pele. O cuidado no manuseio é essencial para a utilização do produto, assim como a opinião de um terapeuta especializado. “A pessoa tem que se certificar de todas as formas. Os óleos podem ser inadequados, em especial para grávidas, idosos com graves doenças e crianças. Todo cuidado é pouco. Um pequeno teste para comprovar se o óleo essencial está dentro dos padrões é pingar uma gota em uma folha de papel. Se ficar com mancha, é grande a chance do óleo ter sido adulterado. Além disso, o frasco deve apresentar o nome científico do produto e a presença de um químico responsável”, orienta Sâmia.

Além de seus diversos benefícios, a aromaterapia pode contribuir no combate à celulite, pesadelo que atinge a todas as mulheres. “A celulite é uma guerra. E não existe nada mágico que cure. A aromaterapia auxilia na eliminação de toxinas, agindo como drenante e melhorando a circulação sangüínea. Mas depois a pessoa deve corrigir sua alimentação, praticar exercícios e melhorar seu estado emocional. Milagres, só Deus faz”, brinca Julia.

Engana-se quem imagina que a aromaterapia seja procurada apenas por mulheres. No início, a proporção feminina superava bastante a masculina. Mas com o frenético mundo urbano, a tensão e o estresse aumentando a cada dia, os homens passaram a procurar técnicas alternativas de relaxamento. “A popularidade da aromaterapia cresce a cada mês. Já existe um equilíbrio entre os sexos. Na minha última palestra fiquei bastante impressionada, pois pelo menos 70% do público era masculino. Todos prestando a maior atenção e com interesse real no assunto”, lembra Julia.

Por oferecer tantos benefícios, a terapia deve ser experimentada sem receio. Há sempre um aroma certo que combina com seu momento, tanto para diminuir a tensão quanto para estimular a produção. “A aromaterapia é a medicina alternativa concreta. Ajuda realmente as pessoas e suas contra-indicações são mínimas. Sabendo usar, não há risco algum. Tenho certeza que depois que uma pessoa tem contato com os óleos essenciais não quer saber de outra coisa. Todos têm que conhecer de perto as maravilhas da aromaterapia. É, sem dúvida, apaixonante”, define Eunície.


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